domingo, 15 de novembro de 1992

o porão




Nos becos, os ecos de crianças & cães,
& almas em fogo, ascendendo em cigarros.
Aos tanques, às lamúrias, as mães,
reclamando da vida, dos casebres, do barro.

Os pais, calejados, se afogam no bar,
rindo do passado, chorando o futuro.
Aos bolsos, o vazio a torturar:
- Mais um gole do amargo puro!

Se pudessem, beberiam aos jarros,
apagando, da vida, a última centelha
de sonhos cadentes, implorando um amparo.

O amanhã, nesta fagulha se espelha,
com a bala na agulha, pagando caro,
estirado ao solo, camisa vermelha.