sexta-feira, 29 de setembro de 1995

ana




escreveste
com letras de fôrma
quase sem forma

ilegível

um poema 
de versos roubados
de um poema antigo

impressiona
pois apesar de cafona
,

imprescindível



terça-feira, 26 de setembro de 1995

pantomínima




argumento,
motivo do conflito
:antes não reflito,
me divido

sou perda
sou passado
sou bogart
no mesmo noir
irrevogável reverso

nem há como caminhar
pois sou pedra
jurada de vida
pelo universo


sábado, 23 de setembro de 1995

vitrinity




me dá outro chope que trânsito aquela gata você viu a vizinha me perdoa sua besta jesus está olhando me empresta dez mangos ei que cê tá fazendo chama polícia uma dose uma só mais uma liquidação entrem entre e morra

(pensando à grega
vestidos como americanos
,
o menino se matando
a menina se vendendo
&
o douto se drogando
o diabo se benzendo
:
seria a vida mesmo insana
ou nossa inércia
atingiu algum nirvana?)


quarta-feira, 20 de setembro de 1995

tema para outro poema




o momento anterior
ao virar da página
é tão profundo
quanto o próximo

: procure o sólido
no abstrato máximo
pedra
de peso flácido

(ao apagar do ápice
outro momento daqueles
nos rasos olhos de lápis)

diga o quiser ao mundo
mas antes anteceda o instante
entre a máquina a mirar
e a miragem
na estante


terça-feira, 19 de setembro de 1995

espírito




pleno
pelo
elo

o espelho

belo
livre
louvre

ave, ave!

(nas veias do texto
pretenso
pretexto
nas areias
do rosto do tempo)

& azar dos quem
nas asas
naus
quase
esauq

vêm

e não
o vêem