domingo, 21 de dezembro de 1997

terça-feira, 9 de dezembro de 1997

blue blues




foi anteontem
: peguei o vinil
raridade
bessie smith
divindade

arremessei
andares mil

voou...

da janela
doutro prédio
a moça viu

quebrei seu tédio
e o disco
que em cacos
me partiu




domingo, 23 de novembro de 1997

solo




às zombarias
de praxe
há quem me ache
às honrarias
no resguardo de quente aconchego
onde, agora
chego
quando, às horas
apago-me
dos muros & murais vandalizados
dos mais puros & nefastos
astros

aquário ascendente:

"como eu,
ninguém sente o sentir,
apegado ao profundamente"

eis o peito que transborda

que não deixa o eu mentir
que não deixa o eu
que não deixa o
que não deixa
que não
que
.


sábado, 22 de novembro de 1997

bubber old's




Noutro dia,
vi o sábado,
lembra?

Aquele coitado
que, cansado, cansado
foi embora...

Também pudera,
sua noite,
outrora reinado,
já era era.

Pois é.

Dizem que apenas deixou,
ao seu legado,
os restos de um palco,
uns goles de álcool,
e um tal de passado.


terça-feira, 11 de novembro de 1997

rascunho




antigamente
na escola
se aprendia
o latim
o francês..

bem,
se aprendia a aprender.

no meu tempo
que foi agora há pouco
mal deu tempo
de ficar louco

só aprendi a latir
falsificar boletim
e chamar as garotas
de fifi

oh, físicas e químicas da vida
entidades sagradas do saber
dêem-me as palavras certas
pra não levar outro zero
ou pior
mais um fora
!

(o sonho dela
não sonho
nem mesmo
fazendo cola)


segunda-feira, 10 de novembro de 1997

durante uma prova de biologia




blecautudotãorápido
beijobeijobeijoeque
perfumeasmãosdela
emtudolábioslugares
quepelesussurra
oquerepitaporfavor
ocalor...

FIAT LUX

qual das 2?


sexta-feira, 7 de novembro de 1997

poser




A estranheza destes tempos insanos
nos priva de sorrisos, encobre os enganos,
enfraquece o pensar, nos rouba o saber,
faz corrermos, perder-nos, esperar por viver.

Ainda assim, julgamo-nos livres, por nascer.
E, como sementes de glória, cantamos,
pois tudo que passa parece regra esquecer:
dentro do vazio, o neovazio buscamos.

Agora, surgem milhares de falsos malditos,
e suas maquiagens tornam nova a mesma canção.
Pseudovanguardismo em inaudíveis gritos, infinitos.

Criamos nosso próprio juízo final, irmãos.
Se alguém duvida, que desvenda meus escritos,
E sentirá até o calor e o tremor de minhas mãos.


quinta-feira, 30 de outubro de 1997

imago




Gravado,
nas pedras do pesar,
o esquecimento
vive mais que a vida.

E, à pena ensandecida,
palavras tecem paredes,
paredes tecem o tempo,
enqanto as princesas 
furam & furam as veias.

(Fagulhas
pululam
na mesa.)

Mundos tão 
grãos d'areia.

Não precisa me entender.

Saiba apenas que lembrarei
que a moldura-olhos-sonhares
por mais que noutros lugares,

ainda será

você.



quinta-feira, 23 de outubro de 1997

anis




caço teu beijo
à vista ou à prazo
se te encontro nos sonhos
ou nos shoppings da vida

e teu jeito de arraso
não por acaso
ajeita armadilha

(sabida)



menino na janela




:
é ela
chegando
,
nua para mim
vestida
para o mundo

(coração
me deixa
surdo)



ao devaneio




Tornas frágil a queda que me sustenta,
quedeterna, 
de pré-suplício,
lenta.

Oh, um resquício de lua no fim do túnel
um resquício de mim...

Manicômio!

Comitrágico, bebo, do vinho,
o reflexo que detesto
em pura frieza
chorando minha natureza,
escravizada em pesadelos.

Elo.

Erros?

Não sou eu mais o errante,
agora longínquo de tudo e de todos
sendo lá, ou cá, 
o que for.

Não, eu não quis rimar com distante.

Todavia,
prometo conceder-me
o favor.

(Apenas quero dizer 
que só entendo
quem acho estranho.
E estranho
quem não entendo.

Eis a loucura
me enlouquecendo.)


so close, so far, so nothing




decifro
o universo

mas não você

& todo
o resto



segunda-feira, 20 de outubro de 1997

do lado esquerdo




sentir é bem vindo
vivo às mágoas
sinto tanto que lamento por tanto

no entanto
não tento ser mais profundo
neste trauma oriundo
de ser alguém
& ser preciso
sem virtudes

sou rude quando o tempo é amanhã
sou hoje quando o agora é alma
ora,
em sã consciência há levianos
humanos somos
então,

erramos

?

(aplaudiria
se eu não soubesse
onde não

estamos)


segunda-feira, 13 de outubro de 1997

mizú




pisces

me

fez

em

                        p

                             i 
                                     e

c

e

s


terça-feira, 7 de outubro de 1997

nettare freddo di un tardo pomeriggio




venta tanto
no colibri
que ele voa
sem querer

as últimas flores
beijadas
não serão

e no verão
o que vi
será versão

(neste banco de praça
rir de tudo
não tem graça)


sexta-feira, 3 de outubro de 1997

sábado, 20 de setembro de 1997

quando o Eu te encontrar




a violeta que nasça
o solo que a faça
de graça

eis a flor que lhe dou

não que não queira
mas minhas mãos
tocar semente não podem
ordem dos erros
poeira-cobertos

aceite-a
,
me poupe de novos espinhos
me deixe os arcaicos caminhos
dos quais
diga o que disser
são meus & seus
vida nossa

(podemos tudo
assim que possa)


domingo, 7 de setembro de 1997

pierrot




estão de volta
as grandes noites
no cabaret
dos nascarella

mas não
stone roses
o meu chapéu

&a pose dela


 

segunda-feira, 1 de setembro de 1997

astros' bar




Aprecio,
quase sem olhos,
o desfile de estrelas
em meu copo.

Entre a fumaça,
perdem-se os pássaros.

Também me perco,
mas só na hora de deixar-me,
por me comover com os ponteiros,
por odiar os isqueiros,
 
ou por viver fazendo de um livro
de final 
infeliz
o que me faz
fugitivo.

Então,
na meretriz,
eu morro.

E de agosto,
retorna, minhalma
trazendo mil máscaras,
e não meu rosto.

Mas que desgosto para o ar,
para a água e
para o fogo
:
a terra há de plantar
meu fim de mundo
para um mundo
novo
.


terça-feira, 19 de agosto de 1997

ciranda-cigarrilha, vamos todos...




Cresci
e aprendi
a não ser mais
o que eu queria.

E meu mundo 
infantil,
infanto-infantil,
já previa ser tão pouco.

(Perdão,
esse frio
me deixa
rouco.)


quinta-feira, 14 de agosto de 1997

ho scambiato i miei sogni di due dosi di rum




a calamidade
cala minha
idade

: relógios param
feridas saram

e eis que
seduzido pela angústia
atiro rosas ao fogo

(risos)

assim, com pouca rima
protagonizo minhas verdades
e, modéstia à parte,
a saudade não me abate

me consola

(...)

então, qando alguém em oferece
uma bicada de cachaça
como esmola
um vento nada manso
faz chorar as árvores

e caem as lagrifolhas
multicores 
idem, os olhares

(neste banco de praça
me descanso
muitos bares)


quinta-feira, 31 de julho de 1997

avenida sousa naves




(pairo)

raro sentir-me assim
: algo não teve fim

mas passado não tem fim mesmo
onde eu for, lá vem ele
por mais que reles agora há pouco

e louco, a esmo
trazendo jeans, rasgados
correntes & cadeados
a coisa toda dos 77

(ando)

é claro é saudade
vez em quando é vez dela
: menina da casa amarela

se eu ainda fosse aquele
e fosse pichar um muro
picharia em branco

é duro ter de andar tanto
a lembrança esmurra a memória
e as palavras se escondem
num canto


terça-feira, 29 de julho de 1997

eu & a meia-noite




solidão
& saudade
me esqueceram

de tanto eu falar
o chão o teto as paredes
ensurdeceram

ainda assim
consigo um grito

& cadê o eco?

anda esquisito
se mandou com os mosquitos
pralgum boteco



terça-feira, 22 de julho de 1997

falling




supernova
: a definitiva glória
de adolescer outra vez

mas
vez por outra
que mendigos & pombos
sempre me digam
dos tombos meus
um único
tão belo quanto os seus

(mente sã
apesar da síndrome
de peter
pan)

só então
daqui me sigo
sendo-me, por risco
meu último
inimigo



quinta-feira, 17 de julho de 1997

1988




na sala de aula
sentava logo ali
mas muralhas
& muralhas
nos separavam

os olhos dela
pura luz
não evitaram a escuridão
dos infernos que desbravei
até tocá-la
nas mãos

(realmente as toquei?)

exausto
como se o topo 
não fosse início
meu épico poema
belo & belo
não passou
de meromero
suplício

as férias vieram
e como se séculos passassem naquele verão
diasnoites me envelheceram tanto
que cheguei a ouvir um canto
que se não era o da morte
era o da criação

exageros à parte
o novo ano começou
estudamos descartes
e, numa aula
que eu nem queria ter assistido
finalmente algum cupido
ou tapado
a flechou a chegar ao meu lado

amava-me antes
e além das muralhas
e escalara trinta everests
pra enfim me dizer
que seu nome era andressa
e não
elizabeth


segunda-feira, 7 de julho de 1997

carpe jeans




agora a idéia
que caiu sobre a pena
é de que todos os caminhos
só podem levar
até nós mesmos

o ontem só serve
para não repetirmos
as bobagens

o amanhã é só sonho
é o mistério
da viagem

o hoje é o que é
por isso o chamamos de presente
e ganhamos um atrás do outro

e, se, de repente,
o negócio for rir
da própria vergonha de não saber
vamos marcar um encontro
pra mais além!

(há bares
que vêm pro bem)


quinta-feira, 12 de junho de 1997

beco




o certo
é que certas coisas
são tão incertas
que até a dúvida
duvida
:
se eu quiser viver
será preciso esquecer
dos segredos
da vida
?



quinta-feira, 5 de junho de 1997

ecos




masmorra
&calabouço

da solidão
só um esboço

mil anos
em um segundo

: eis meu tom
tão moribundo



quarta-feira, 7 de maio de 1997

dezesseis




cê tá vendo aquela mina?

é a garota
mais bonita
da favela

(já mataram três
por causa
dela)



segunda-feira, 5 de maio de 1997

sábado, 22 de fevereiro de 1997

Liebe




und nur in deutscher Sprache
Ich brauche diesen schönen
Übertreibung von Wörtern
zu sagen

wie


sábado, 11 de janeiro de 1997

1997




faz

       tempo

                 que

                       o tempo

                                    não dá

                                              um

                                                      tempo

                                              um

                                   não dá

                      o tempo

                que

       tempo

faz


sexta-feira, 3 de janeiro de 1997

enfim, nós




para variar
discutimos
até amanhecer o dia

mas hoje foi diferente
:
decidimos deixar de lado
o tudo
o nada
o para sempre
& toda, toda, filosofia

eu fiquei mudo
& ela calada
,
depois
alegria