quinta-feira, 31 de julho de 1997
avenida sousa naves
(pairo)
raro sentir-me assim
: algo não teve fim
mas passado não tem fim mesmo
onde eu for, lá vem ele
por mais que reles agora há pouco
e louco, a esmo
trazendo jeans, rasgados
correntes & cadeados
a coisa toda dos 77
(ando)
é claro é saudade
vez em quando é vez dela
: menina da casa amarela
se eu ainda fosse aquele
e fosse pichar um muro
picharia em branco
é duro ter de andar tanto
a lembrança esmurra a memória
e as palavras se escondem
num canto
terça-feira, 29 de julho de 1997
eu & a meia-noite
solidão
& saudade
me esqueceram
de tanto eu falar
o chão o teto as paredes
ensurdeceram
ainda assim
consigo um grito
& cadê o eco?
anda esquisito
se mandou com os mosquitos
pralgum boteco
terça-feira, 22 de julho de 1997
falling
supernova
: a definitiva glória
de adolescer outra vez
mas
vez por outra
que mendigos & pombos
sempre me digam
dos tombos meus
um único
tão belo quanto os seus
(mente sã
apesar da síndrome
de peter
pan)
só então
daqui me sigo
sendo-me, por risco
meu último
inimigo
quinta-feira, 17 de julho de 1997
1988
na sala de aula
sentava logo ali
mas muralhas
& muralhas
nos separavam
os olhos dela
pura luz
não evitaram a escuridão
dos infernos que desbravei
até tocá-la
nas mãos
(realmente as toquei?)
exausto
como se o topo
não fosse início
meu épico poema
belo & belo
não passou
de meromero
suplício
as férias vieram
e como se séculos passassem naquele verão
diasnoites me envelheceram tanto
que cheguei a ouvir um canto
que se não era o da morte
era o da criação
exageros à parte
o novo ano começou
estudamos descartes
e, numa aula
que eu nem queria ter assistido
finalmente algum cupido
ou tapado
a flechou a chegar ao meu lado
amava-me antes
e além das muralhas
e escalara trinta everests
pra enfim me dizer
que seu nome era andressa
e não
elizabeth
segunda-feira, 7 de julho de 1997
carpe jeans
agora a idéia
que caiu sobre a pena
é de que todos os caminhos
só podem levar
até nós mesmos
o ontem só serve
para não repetirmos
as bobagens
o amanhã é só sonho
é o mistério
da viagem
o hoje é o que é
por isso o chamamos de presente
e ganhamos um atrás do outro
e, se, de repente,
o negócio for rir
da própria vergonha de não saber
vamos marcar um encontro
pra mais além!
(há bares
que vêm pro bem)
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