quarta-feira, 7 de outubro de 1998
sábado, 22 de agosto de 1998
quinta-feira, 20 de agosto de 1998
sem fechar os olhos
O haikaimikaze,
arrependido,
voltou para casa.
Até pensou em virar um tanka,
mas a página, da vida,
insiste: branca.
quinta-feira, 13 de agosto de 1998
dívida
Há uns dez minutos,
ouvi dois tiros.
Os cães trataram de latir.
O trem, os trilhos, sacudir.
Eis o mundo,
quase duas da matina
: pulsações em disparada
a vida, quase nada.
E o re-silêncio então
domina.
saudades de kyoto song
Eu não sei mais
o que ela
(ou o uísque)
quer dizer
nisso que dá
papo de boteco
ideografado
em guardanapo
amassado
lambuzado
de batom
, importado
(Garota:
antes tu, antes
eras eras
mais & mais
marota.)
segunda-feira, 10 de agosto de 1998
domingo, 9 de agosto de 1998
quarta-feira, 5 de agosto de 1998
dia gnóstico
doutor,
quando eu era pequeno
o sol era ameno
movido à canção
da cigarra
no pinheiro
e quando o eu era pequeno
Ela,
à lua à vênus,
já me apertava o coração
que gritava pela noite
tempo inteiro...
- sinto,
não existe remédio
pra esse tipo de tosse
: sofre de sonho
& velhice
precoce.
domingo, 2 de agosto de 1998
"Fui."
será
que não há mesmo um jeito
de fazê-la parar
fazê-la olhar para mim
e dizer
onde foi que eu errei?
pois se cometi um crime
ele foi tão
mas tão perfeito
que nem eu
dele sei
sexta-feira, 31 de julho de 1998
lips, like, sugar
há tanta coisa perdida
mutações
metapoemas
papel amassado no frio da vida
...
porém
novas frases ainda nascem
quando me escondo
no estrondo
do silêncio
...
(então
ela cruza as pernas
acende um cigarro
como quem entende
se rende
logo
disfarça o pigarro
quando percebe
que não tenho dinheiro
não bebo champagne
e nem tenho carro)
sábado, 25 de julho de 1998
praça osório
passo pelo relógio parado
procurando a menininha
do braço quebrado
que me pediu esmola
- um reá a frôr de prástico!
seu perfume
é o cheiro da cola
também na mente da piazada
pseudofeliz
que vai tirando a armadura de craca
na verdágua do
c
h
a
f
a
r
i
z
!
sábado, 18 de julho de 1998
sexta-feira, 26 de junho de 1998
sideral
A tua ausência
me atirou na solidão
de um imenso
buraco negro.
E, nele,
permaneço.
Não importa
para onde o tempo
queira me levar
:
não poderei tê-la,
pois ainda caminho
entre os mortais.
É certo que, apesar da poeira,
ainda vejo teu brilho.
Mas é só o teu brilho.
Pois você,
minha estrela,
já há um ano,
sem luz,
não existe mais.
sábado, 30 de maio de 1998
sábado, 25 de abril de 1998
fun funeral
no desespero
nosferatu
pediu um espelho
foi seu último ato
pois veio o dia
e que tormento...
pó sua face
sol lamento
sexta-feira, 17 de abril de 1998
terça-feira, 14 de abril de 1998
sábado, 11 de abril de 1998
sexta-feira, 10 de abril de 1998
kharma
um colega meu
do tempo do primário
agora é hare krishna
tarde dessas o vi
com seus incensos
numa esquina
estava um tanto irado
pois em uma formiga
ele havia pisado
diz ele
ter pisado numa amiga
d'outra vida
d'algum passado
- o que estou fazendo aqui?
perguntou
e deixou-me
ir
domingo, 5 de abril de 1998
terça-feira, 24 de março de 1998
quarta-feira, 18 de março de 1998
smells like old spirit
se knowledge fede
quando imóvel,
faça.
crie enquanto os cantos do mundo
(co)existem
enquanto o céu indazul
(que quando cinza
é d'armadura
nuvem)
pois de que adianta ler
joyce, rosa, kant ou pessoa,
ver chaplin ou picasso,
se o fazer for nu
num prazer enrustido
d'amargura
ou ter nervos de aço
e por tê-los
teimar ao termo
se dizer
incompreendido?
ah, vá!
já furei o pé num prego
enfiei o dedo onde não se deve
& o nariz onde não chamado
já tive um cachorro cego
ainda não vi neve
mas tenho amado
(ha ha ha ha)
na verdade
pra mim já basta
ter o medo que me afasta
de estar
parado.
quarta-feira, 11 de março de 1998
chama
fardo-mor,
soldado
:
sou o dado que se joga
e se afoga
no fogo d'tualma
no calor do desespero
onde espero
por te ver
(sou aquele que se salva
pra depois salvar
você)
sábado, 21 de fevereiro de 1998
1984
corre na chuva
foge da noite
escorrega na lama
até de rua se engana
tarde que chega
tanto que chora
quase que urra
uma triste senhora
o castiga
com surra
mas logo o abraça
com o susto
trovão
!
essa dor
sempre passa
dor de mãe
solidão
sexta-feira, 20 de fevereiro de 1998
Spiegel
a aquariana estação
repentina
também, de repente
já se foi
&
já senti o que devia
já sofri o que sentia
já perdi o que foi pago
até encontrei o velho mago
mas não qualquer resposta
que ecoasse aqui
dentro
pelo contrário
vi a escuridão em seus olhos
e se vi, vi sim, portal de espírito ordinário
em mútuo arrependimento
- Passado.
(boas-vindas
ao rei dos sete mares
e ao tempo de sonhar
que já invade
nossos lares)
sábado, 14 de fevereiro de 1998
sexta-feira, 13 de fevereiro de 1998
coisas que penso enquanto escovo os dentes
(ó, noite cheia
de lua vazia,
estou com a dúvida,
ou a dúvida comigo está?)
queixumes,
deixem-me quieto
já é sórdida a antemanhã
ela que se vá
pois
latejante
a incerteza me esmurra
se não há na memória
pronta desculpa
ou sinal de razão
só me resta
o coração, foz
onde deságua mágoa
onde perco a voz
onde tudo é
lodo
(e a torneira
ficou aberta
o tempo todo)
quarta-feira, 4 de fevereiro de 1998
quinta-feira, 22 de janeiro de 1998
domingo, 18 de janeiro de 1998
p&b
Devidamente como proposto,
o fraco ancião viu, no desgosto,
o retrato de sua vida
: certo dia, quase sem forças,
reencontrou aquela moça,
que lhe foi a mais querida.
Ela não envelheceu,
pois tinha a senha para amar
e, não, não a vendeu.
O velho saiu do sério
: mesmo antes de morrer
já estava no cemitério.
E, tendo a raiva como lema,
nem pôde perceber
que assassinou
este "poema"
.
sábado, 17 de janeiro de 1998
casa antiga
Espectral,
o vulto matinal,
sorridente,
me desperta.
Jovial,
a assustada & tal,
comigo,
logo flerta.
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