segunda-feira, 25 de dezembro de 2000
réquiem para o sol
se o céu de Luanda
espelho fosse
escarlate estaria
escondendo, escaldante
os desenhos das nuvens
na estradazul
do passarinhalto
bicando o algodão doidoce
- blues
: o menino de nove
agora é chefe de família
e, ontem, uma menina de sete
viu seu pai não acordar
sendo assim, hoje
o menino ganhou
mais uma filha
longe, mas não
distante um poeta, de outro quase
mesmo lugar
até capta
a ferida do instante
mas o vazio o rapta
e, como nada tatua na página
desiste e se vai, tristonho
viu que é de um mundo, nada menos
do tamanho da tal ferida
e o quanto, sarcástica
a tal ainda rima com a vida
despedaçando tantos pequenos
corassonhos
quarta-feira, 13 de dezembro de 2000
sábado, 2 de dezembro de 2000
philosophychaos
alguns invernos
para então merecer
um certo verão
(todavia, o frio prefiro)
alguns infernos
para merecer um céu
(dependendo de qual for
até me retiro)
só sei que
seja na luz
ou na escuridão
se além daqui
for comigo esta dor
nada tem sentido
(o sol ia se pondo
juntei minhas tralhas
levantei da grama
e vi um pássaro negro
que mais parecia uma gralha
no galho de um arbusto
dei meus passos
para ir embora
e o bicho veio
em minha direção
me abaixei e
caramba, que susto!
e ainda senti,
o ar deslocado,
quase levando o meu boné
o pássaro foi para longe
e eu fiquei ali
parado até perder
as horas
- enquanto sem fé
o melhor mesmo
é só pensar
& repensar
o agora - )
domingo, 26 de novembro de 2000
rara
aquela noite
poderia não
ter acabado
a tive
na palma da mão
até eu a deixar
que falasse do ninho desfeito
falasse que assim não se vive
e eu responder
o que nem perguntou
cantou que ouviu
o que queria
encheu o peito
e voou
aquela noite
poderia não ter acabado
e, não
não acabou
segunda-feira, 20 de novembro de 2000
sexta-feira, 17 de novembro de 2000
sol
hoje a encontrei
: olho no olho
- quanto tempo já faz?!
mas
só oi, pois é
tchau, até logo
& nada ainda sei
do futuro
: ambos
ficamos atrás
do brilho sem brilho
de nossos óculos
escuros
quarta-feira, 15 de novembro de 2000
sábado, 21 de outubro de 2000
sexta-feira, 20 de outubro de 2000
quarta-feira, 11 de outubro de 2000
duas (ou "carta-resposta")
enquanto aqui
no tempo
& no espaço
vulneráveis
escravos do desejo
das cifras
das sinas amáveis
de um único beijo
só no próximo passo
(que nem sabemos
se é possível
nem no que vai dar)
é que então saberemos
se existe mesmo
algum lugar
(sobre a tua pergunta
"se podemos ser três?"
: eu, sóbrio, sóbrio
quase não sou um
imagine então
vocês!)
sexta-feira, 6 de outubro de 2000
o fora
ela procura
outros versos
em seu vasto acervo
de novos desejos
o problema
é que tem
seguido os passos
dos passos errados
e não termina
nenhum poema
coisa que tem
lhe dado muito
nos nervos
outro dia
cogitou voltar aqui
e continuar o soneto
que havia começado
eu disse
agora não
estou em paz
vivendo aos tankas
os meus haicais
quarta-feira, 4 de outubro de 2000
velho, casebre, de campo
O avesso ao contrário,
corrompe meu dia
e me entorpece.
Entender eu queria,
ou ser páreo
à alegria que desce,
sempre pouca
e tardia.
Portanto, como é cedo demais,
chega de conversa
: a paz
me deixa em pranto
e vice-versa.
sábado, 30 de setembro de 2000
por una cabeza
solidão
nos meus passos
é quando:
I - amo todo mundo
até quem nem
existe
II - não entendo
o quanto aprendo
ao estar
triste
III - escassos,
os minutos,
tornam-se astutos,
maiores que as pernas
(danço
conforme a súplica
seja vida eterna
ou única)
sábado, 23 de setembro de 2000
5:59
quando chega a madrugada
sempre penso
chega de madrugada
& ela
bela como Ela
com um sorriso
concreto
diz & me diz
tudotudo que quero ouvir
e mesmo calada
aí serve um café
faz um cafuné
ficaquiperto
...
putz!
é alvorada
sexta-feira, 22 de setembro de 2000
quarta-feira, 20 de setembro de 2000
terceiro turno
cresce o vazio
e, à grandiosidade do nada
condeno-me
: de piadas fiz-me fruto
sereno medo
absoluto
(enquanto conto estrelas
nada faço
para tê-las)
segunda-feira, 18 de setembro de 2000
ela & sua rádio absurdo
(capta
no ar
o sentido
de ser)
imprecisa
ascende à incensos
conjura silêncios
e horizontes
(capta
no ar
o sentido
de ser)
e toda lágrima
que se preze
dela bebe
suas fontes
(capta
no ar
o sentido
de ser)
sábado, 16 de setembro de 2000
entre foras & formulários
longos poemas
de mim fugiram
sínteses
mil lapsos me deram
em flashes de coisas
e outras sem nome
que poliram meu pensar
e aqui estou eu
morto de fome
por aqui estar
neste cubículo
fechado
onde o certo
nem sempre é o correto
e demonstrar
quase nunca é
afeto
(às vezes
é escrevendo demais
que me sinto por perto
ou capaz)
sexta-feira, 15 de setembro de 2000
entardece
&
no cansaço
as pessoas se esquecem
invisível
passo pela avenida
ao som de um inaudível
sopro de vida
(sofro-me, cego
quanto mais nego
tal ferida)
quarta-feira, 13 de setembro de 2000
azuis
vez mais
perco a paz
nas zonas mais abissais
do meu peito
tais mares murmuro
e dos males mais puros
me enfeito
terça-feira, 12 de setembro de 2000
domingo, 10 de setembro de 2000
sábado, 9 de setembro de 2000
musical box
cancionei
o futuro
com um furo
no bolso
- mero ofício
dos ossos.
e quisera
aos berros
nomear meus erros
fósseis de um eu
que nem foi
suigeneris
não mais que,
pus o sonho
pra despertar
e o céu
pra desabar
(ao som
do genesis)
quarta-feira, 6 de setembro de 2000
agenda
os egonautas
& seus cajados d'ouro
(um café
na casa do dono da verdade)
os invertebrados
& suas almas de chumbo
(happy hour
no playground do vendedor de paraísos)
: aceito o coma induzido
pra minha morte sair de férias
segunda-feira, 31 de julho de 2000
avenida iguaçu
anoitecência me prende
ao néctar das estrelas
(pólen polindo poses
,
luz
pra mariposas)
mas,
não preciso da noite
:
só dos sorrisos
refletidos
nos canecos
de chope
sábado, 15 de julho de 2000
domingo, 14 de maio de 2000
quarta-feira, 5 de abril de 2000
adeus!
Parto da ponta
da pena.
E, que pena,
perdi a conta
dos sonhos que não tive
num não
qu'inda vive
em cada tropeço
soluço
saxofone
café barato
.
No mais,
tudo ruço
:
furou meu sapato.
terça-feira, 21 de março de 2000
como se eu fosse lindolf bell
não abaixe
la cabeza
nem desista
dos teus sonhos
:
somos bem mais
do que tudo
que somos
quinta-feira, 20 de janeiro de 2000
quarta-feira, 5 de janeiro de 2000
cantando em latim
meu dia finito
foi um beco
: quando a lua subiu
o camarada serviu
vinho seco
(sujeito esquisito)
na mesa do canto
a moça dormia
de cigarro aceso
no balcão, na cerveja
um velho, num pranto
comprava uns beijos
de tigresa
e eu, caricato
repudiava, no palco
toda a minha
absoluta & diminuta
certeza
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