domingo, 10 de junho de 2001

coisas de junho




domingos são vazios
frios quando quentes
quentes quando frios

e se chove
o mundo todo dorme
até os foguetórios
estressarem o ar

domingos
são bons dias
pra morrer

ou então
mudar



quinta-feira, 7 de junho de 2001

a falta




não mais te vejo nas flores
nem
no pôr-do-sonho

há fogo na brisa
há alma em tudo
:
eis a vida
que, apesar do mundo
te realiza

(mas 
não te vejo nos céus
e lá se vão
minhas asas de cêra)

há riso nas dores
que sangram-me
fel
nebulosamente
a viagem inteira

não te vejo nem em ti,
incandescente
!

(há um brilho no pensar
quando ouso te amar
sem ser
pra sempre)


terça-feira, 5 de junho de 2001

só em madrugada de terça




vinho,
da colônia alemã
animals,
do floyd

e sardinha enlatada

pra quem pode
a receita do nada
termina
com a manhã rasgando o sonho
num enfadonho sorriso

de menina


valencia é longe demais




o teto me observa
na cama
mas não desaba

& desabafo.

aqui na lama
quem se enerva
se acaba

& me levanto.

às seis da manhã
aos galos em canto
sorrio e janto

assim recomeço
:
ao ventre do peito

regresso