terça-feira, 19 de agosto de 2003

vinho do porto

 


raios!

dei-me ao luxo
de resistir
feri como se a curasse
e se não bastasse
a fiz sorrir

raios!

pedi que não mais ligasse
e não ligou
coisaoutra

raios!

que me partam
por não ter partido
por achar coisa pouca
todo esse desamor
toda essa louca
metáforambulante

essa sina
que nada
me ensina

raios!

que caiam no mesmo lugar
descarreguem a fúria contida
(não tô nem aí)

: quebrados encantos
teimo em negar-me vida
ao cair por terra
ao ficar por aqui, ó

raios!

(re-sumindo,
faceàface,
fácil fosse,
tentei o tédio quebrar

mas quebrado foi o gelo
: sete anos de azar
para o espelho)

raios


 

segunda-feira, 4 de agosto de 2003

opus per ridiculum detortum

 


este silêncio
alguma coisa
quer dizer...

os versos acima
escrevi há alguns meses
e, na ausência de rima,
os deixei na gaveta

o silêncio ainda é o mesmo
e, apesar do apesar,
que se reinventa

sobrevivo
sobretudo
pensativo
.

olha,
não sei porque
eu voltei a escrever

deve ser doença
ou então a falta
do que não fazer