quinta-feira, 30 de outubro de 1997

imago




Gravado,
nas pedras do pesar,
o esquecimento
vive mais que a vida.

E, à pena ensandecida,
palavras tecem paredes,
paredes tecem o tempo,
enqanto as princesas 
furam & furam as veias.

(Fagulhas
pululam
na mesa.)

Mundos tão 
grãos d'areia.

Não precisa me entender.

Saiba apenas que lembrarei
que a moldura-olhos-sonhares
por mais que noutros lugares,

ainda será

você.



quinta-feira, 23 de outubro de 1997

anis




caço teu beijo
à vista ou à prazo
se te encontro nos sonhos
ou nos shoppings da vida

e teu jeito de arraso
não por acaso
ajeita armadilha

(sabida)



menino na janela




:
é ela
chegando
,
nua para mim
vestida
para o mundo

(coração
me deixa
surdo)



ao devaneio




Tornas frágil a queda que me sustenta,
quedeterna, 
de pré-suplício,
lenta.

Oh, um resquício de lua no fim do túnel
um resquício de mim...

Manicômio!

Comitrágico, bebo, do vinho,
o reflexo que detesto
em pura frieza
chorando minha natureza,
escravizada em pesadelos.

Elo.

Erros?

Não sou eu mais o errante,
agora longínquo de tudo e de todos
sendo lá, ou cá, 
o que for.

Não, eu não quis rimar com distante.

Todavia,
prometo conceder-me
o favor.

(Apenas quero dizer 
que só entendo
quem acho estranho.
E estranho
quem não entendo.

Eis a loucura
me enlouquecendo.)


so close, so far, so nothing




decifro
o universo

mas não você

& todo
o resto



segunda-feira, 20 de outubro de 1997

do lado esquerdo




sentir é bem vindo
vivo às mágoas
sinto tanto que lamento por tanto

no entanto
não tento ser mais profundo
neste trauma oriundo
de ser alguém
& ser preciso
sem virtudes

sou rude quando o tempo é amanhã
sou hoje quando o agora é alma
ora,
em sã consciência há levianos
humanos somos
então,

erramos

?

(aplaudiria
se eu não soubesse
onde não

estamos)


segunda-feira, 13 de outubro de 1997

mizú




pisces

me

fez

em

                        p

                             i 
                                     e

c

e

s


terça-feira, 7 de outubro de 1997

nettare freddo di un tardo pomeriggio




venta tanto
no colibri
que ele voa
sem querer

as últimas flores
beijadas
não serão

e no verão
o que vi
será versão

(neste banco de praça
rir de tudo
não tem graça)


sexta-feira, 3 de outubro de 1997