quarta-feira, 30 de maio de 2001
niente
Quem dera eu fosse, ou quase, um poeta,
dos que constroem altivos sonetos,
e não um verso em estrofe tão pateta,
que termina querendo falar dos ventos.
Ventos que mudam, e mudam, a direção
dos sonhos, das cores, dos lugares,
mas mal fazem cócegas ao coração,
afogado no mais profundo dos meus mares.
Quem me dera outras rimas, menos manjadas,
versar sobre os tombos, escrever mais piadas...
Mas a noite acabou, acabou de novo, e preciso dormir.
(E se eu escrevesse uma obra prima, aclamada,
a trocaria pelos ombros de qualquer outra estrada
que me desviasse dos futuros que já perdi.)
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