segunda-feira, 31 de agosto de 2009

ela, disse, não

 


ela disse
que jamais conheceu
alguém como eu

e eu já pensando que me amava

ela disse
que comigo ia descobrindo
as coisas de que gostava

e eu pensando que era lindo

ela disse
que eu era muito especial
que não sabia mais o que fazer

então, fui perdendo a paz

ela disse
que estava com muito medo
de não nos vermos mais

e eu a ponto de nem virar segredo
 
e, sem nunca nos tocarmos
sequer um beijo, jamais
ela não disse
mais nada

(se posso salvar um poema
com um final assim?
mas nem contando
a piada das piadas!)

fim.



sexta-feira, 21 de agosto de 2009

praça rui barbosa

 


desde sempre
aquela praça
sem graça

nadalém me era
que o ponto final
de meus inícios
& afins

a sagrada caminhada
de todo dia
de toda noite

quase quase um fardo.

até que
- e só poderia ter sido
com ela ao meu lado -
avistei
um coração de pedras
na calçada
cravado

e em toda aquela extensão
daquela calçada
era só o coração
e mais nada

é um coração solitário, eu disse,
e fui emendando
tudo tem uma explicação,
e ela completou comigo
por mais imbecil que seja

naquele segundo
aconteceu de tudo
satori, samadhi, nirvana
certeza

então flutuamos
até a outra praça

ela entrou no ônibus
eu fiquei, noite adentro,
às calçadas
cravado
.

apesar
de solitário
e de pedras
aquele coração
não me engana

: achar que tudo
é por acaso
é coisa de quem não

ama